
PREVALÊNCIA DA OMICRÓN PODE CHEGAR AOS 80 % ATÉ AO FINAL DO ANO
"Sabemos que a prevalência da variante ómicron em Portugal ronda já os 20%, sabendo que poderá ter uma prevalência de 50% na semana do Natal e 80% até ao final do ano", disse, há minutos, a ministra da Saúde, Marta Temido, em Conferência de Imprensa sobre a situação da pandemia.
A responsável disse que sabe-se "pouco sobre esta nova variante", mas sublinhou que é evidente a "maior capacidade de transmissão desta variante", com "aparente menor gravidade da doença" e também "menor letalidade". A efetividade da vacina está igualmente posta em causa.
Ainda assim, lembrou ser fundamental continuar a manter medidas de proteção individual, como o uso de máscara e contenção nos contactos sociais.
"Temos de usar mais as máscaras, fazer mais testes, vacinar mais e um maior controlo de fronteiras. Todos temos de fazer mais", referiu Marta Temido.
Até ao momento, foram detetados 69 casos da variante ómicron em Portugal.
Baltazar Nunes, responsável pela Unidade de Investigação Epidemiológica do Instituto Ricardo Jorge, referiu que "tudo sugere que a vacina é menos efetiva contra a ómicron" e que é preciso "esperar para ver como a ómicron vai afetar hospitalizações" para tomar medidas relativamente a potenciais medidas não farmacológicas. "E isso dependerá de dois fatores: a maior ou menor gravidade da variante, tudo indica que seja igual ou menor; e a efetividade da vacina para esta nova variante, que não é ainda claro".
Segundo Baltazar Nunes, será "importante acompanhar a incidência nas pessoas com 70 ou mais anos, que já têm tomado a dose de reforço da vacina", que servirá de indicador da efetividade da vacina: "Se a incidência e as hospitalizações aumentarem neste grupo que tem há muito pouco tempo a dose de reforço, será um sinal de que a vacina não está a ter a performance que desejamos. E aí não há outra hipótese senão adotar medidas não-farmacológicas para compensar esta situação".
Enquanto isso, a recomendação é prevenir, sendo recomendável a realização de mais testes, uso de máscara em locais fechados ou mesmo em espaços ao ar livre com maior presença de pessoas, contenção nas reuniões de natal e ano novo.
O governo equaciona a possibilidade de aumentar o número de testes gratuitos por pessoa (são quatro por mês, neste momento".
"É de evitar o mais possível os contactos sociais em espaços aglomerados. O período de contenção [2 a 9 de janeiro] não pode ser visto como uma compensação, mas sim como um reforço do que todos somos chamados a fazer daqui até lá", disse a governante.
João Paulo Gomes, especialista em Biologia Molecular do Instituto Ricardo Jorge, explicou que o "processo de transmissão [da Omicrón] é exatamente o mesmo" e que "a maior transmissibilidade prende-se com as mutações desta variante".
Questionada pelos jornalistas, a ministra da Saúde, Marta Temido, disse que "as doses de reforço são todas realizadas com vacinas mRNA", uma tecnologia recomendada pelo Centro Europeu de Doenças e que "o Certificado Digital ainda não contempla a dose de reforço de uma vacina", cenário que admite poder ser alterado em breve.
Sobre a vacinação das crianças, que se inicia este fim de semana, Marta Temido pediu aos pais para se "aconselharem com especialistas" para tomarem uma decisão e avançarem com a inscrição. A recomendação é que sejam vacinadas primeiro as crianças consideradas em grupos de risco.
A ministra da Saúde garantiu que "não houve nenhuma indicação do Ministério da Educação às ARS para haver recolha de dados sobre vacinação das crianças".