
JORGE LEÇA DEIXA O COMANDO TÉCNICO DO TORRÃO
"Sou uma pessoa crente e acredito firmemente que tivemos ajuda de Deus na conquista da permanência a quarta consecutiva a frente do CD Torrão", assim começou Jorge Leça a sua mensagem de despedida do comando técnico do CD Torrão.
"Não tivemos as melhores condições na conjugação espaço/horário para fazer um trabalho mais condizente com o que era desejado, trabalhar três vezes por semana, uma hora cronometrada ao segundo por cada unidade de treino, sabendo nós que a mesma nunca é rentabilizada na sua totalidade porque temos de ser flexíveis e há jogadores a sair dos empregos a correr para o treino e sendo uma dessas unidades as 22:00 não é de todo o mais motivador, nem o mais aconselhado para quem no dia seguinte tem de se por a pé para ir trabalhar, mas adaptamo-nos e fomos trabalhando de unidade em unidade de treino até ao jogo final", disse sobre uma época que culminou com a permanência na I Divisão Distrital, temporada na qual o treinador normalmente apenas teve à sua disposição 17 jogadores.
"Sim é verdade, fomos a única equipa que não se reforçou durante toda a época com um único atleta, bem pelo contrário como vimos atrás subtraímos reduzindo drasticamente o grupo. Trabalhar com 12/14 jogadores por unidade ou sessão de treino foi aquilo que se me deparou quase sempre,hoje vinha o Quim e o Manel, amanhã faltavam estes e o Gusto e o Aníbal que tinham faltado na unidade anterior vinham hoje, isto foi recorrente durante toda a época, obrigando-me a criar uma bateria de exercícios muito próprios e muito sectoriais para apresentar qualidade mínima nos jogos de uma competição difícil, competitiva e dura", detalhou.
Jorge Leça revelou que por três vezes pediu a demissão, tendo recebido sempre a resposta que se esta fosse consumada o clube iria descer.

"Felizmente, com o trabalho meritório de um grupo reduzido mas abnegado, sério, capaz e com compromisso, porque sempre falamos olhos nos olhos fomos capazes de nos superar, confiar uns nos outros, unir esforços, dar o grito de Ipiranga e atingir os objetivos que foram inicialmente traçados", sublinha o treinador, que enalteceu o papel do capitão de equipa, "o responsável máximo pelo excelente ambiente que se respirava no balneário e como isso foi importante para o final feliz".
"Este foi sem sombra de dúvida o trabalho mais complexo e mais difícil que tive até a data, mas felizmente foi mais um desafio ganho a custa de muito: sangue, suor e lágrimas, fui um treinador difícil, chato,duro,rigoroso mas sempre sincero e leal com o meu grupo e, por isso, saio mais fortalecido e melhor preparado para novos desafios, se eles aparecerem cá estarei para dar resposta. Hoje sou um homem e um treinador feliz porque poderei um grupo reduzido de homens que percebeu que como indivíduos nunca iriam ganhar nada, mas que o fizeram quando se fecharam como equipa tornando-se muito mais fortes e capazes. Obrigado rapazes pelo que me fizeram sentir", concluiu o treinador de 52 anos.