DUQUE DA RIBEIRA FARIA HOJE 120 ANOS

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24-03-2022 | 12:48 | | |

DUQUE DA RIBEIRA FARIA HOJE 120 ANOS

Escrito por O Gaiense

Se fosse vivo, Deocleciano Monteiro, o Duque da Ribeira, faria hoje 120 anos.

Homem da Ribeira portuense mas de todas as zonas ribeirinhas próximas, o Duque dedicou a sua vida ao salvamento de pessoas no rio Douro, que na Ribeira por vezes corre com muita força.

“Alguns já o recolhi mortos, mas lá no fundo é que não ficavam”, afirmou uma vez quem faleceu no dia 9 de Novembro de 1996.

Elevado ao estatuto de figura pública, o Duque da Ribeira conviveu com diversas personalidades portuguesas e estrangeiras e no seu livro de autógrafos constavam as assinaturas da rainha Isabel II, de Inglaterra, dos presidentes portugueses Ramalho Eanes e Mário Soares e do presidente de Moçambique Samora Machel, entre muitos outros.

Casou três vezes (a última companheira morreu um ano e meio antes do Duque).

A própria mãe lhe terá dado a alcunha de Duque por questões de simplificação de um nome de difícil pronúncia.

Na sua memória de sete anos, ficou sempre marcado o ano de 1909 e a cheia que galgou a Ribeira obrigando-o a abandonar a casa, na zona do Barredo, por vários dias. Depois dessas, houve muitas, “tantas que lhes perdi a conta”. “Haverá sempre cheias, até quando Deus quiser”, aceitava o Duque.

Começou a trabalhar como tipógrafo com o padrinho aos 11 anos, os mesmos que tinha quando, pela primeira vez, se fez ao rio para salvar uma vida de se perder. A partir daí, as contas deixaram de se fazer, mas foram sempre de somar.

Aos 14 anos, Deocleciano já tinha os documentos que o levariam, de forma mais oficial, aos barcos. Foi barqueiro, estivador e fez de tudo na faina fluvial. O mais importante foi sempre resgatar. 

Se lhe dissessem onde o corpo tinha caído, determinava sem hesitação a zona onde o ir buscar. Dominava este “gratear” muito melhor que as autoridades. “O rio é malandro", dizia.

 

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A fama começou com o resgate dos corpos daqueles que se atiravam da Ponte Luís I. Os jornais não se distraíam dos seus atos de herói sem capa. “Cento e vinte cadáveres arrancados ao Douro”, “Uma vida dedicada às vítimas do Rio Douro”, “Salvador de vidas e pescador de cadáveres” enchiam as manchetes da altura.

Ao seu barco, o Duque da Ribeira haveria de dar o nome “Capitão J.W. Cowie”, um antigo capitão do Douro. Hoje, existe um barco salva-vidas do Instituto de Socorro a Náufragos que ostenta o nome “Duque da Ribeira”.

 

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